Viagem Salar de Uyuni - Laguna Blanca

De São Pedro de Atacama ao Salar de Uyuni: o que não contaram a você


O que o viajante precisa saber para enfrentar a viagem ao Salar de Uyuni, na Bolívia, partindo de São Pedro de Atacama, no Chile.

Veja muitos detalhes importantes que não estão contemplados na maioria dos blogs de viagem.


Em 2017, fizemos uma viagem que englobou, majoritariamente, a Argentina e o Chile. Uma das etapas da viagem foi a travessia do altiplano boliviano para chegar no Salar de Uyuni, na Bolívia, partindo de São Pedro de Atacama, no norte do Chile, sede informal do deserto de Atacama, e retornando ao mesmo local. Uma viagem de 4 dias e 3 noites.

Lemos, antes da viagem, diversos relatos de pessoas que fizeram esse mesmo percurso, mas sentimos falta de algumas explicações mais detalhadas sobre esse percurso. E alguns detalhes podem ser determinantes para a tomada de decisão de se fazer ou não essa travessia.

Viagem para Salar de Uyuni, Bolívia, partindo do Atacama, Chile.

O objetivo do texto é realizar um relato mais crítico (e consequentemente, com menos “oba-oba”) dessa viagem. As belezas do lugar foram recompensadoras, mas o processo para chegar até elas não é para qualquer pessoa. E isso pode fazer o conceito de “recompensa” ser algo relativo…

Vamos ao relato então?

A contratação do pacote de viagem para o Salar de Uyuni

Essa é uma das viagens a contratação de um pacote de turismo é algo fundamental para o viajante médio. O principal motivo é que o terreno é muito irregular, o que exige um carro com tração nas 4 rodas e uma boa dose de suprimentos para manutenção e sobrevivência caso algo dê errado. Caso você possua o veículo adequado, experiência em aventuras e seja impassível quanto aos riscos inerentes do ambiente, será uma façanha para contar aos amigos por vários anos!

Mesmo que com o veículo adequado e espírito aventureiro, recomendo a empreitada com cautela, uma vez que na Bolívia todos os motoristas que fazem esse circuito são corporativistas. Isso é, não veem com bons olhos concorrência no setor (qualquer semelhança com nossos vermelhinhos não é mera coincidência).

Ou seja, você estará sujeito a ofensas, emboscadas e danos. Assim, em alguns momentos, pode ser melhor sujeitar-se à situação e ter paciência, muita paciência.

Os tipos de pacote em São Pedro de Atacama

Deixamos para contratar a viagem na cidade de São Pedro de Atacama, no norte chileno. Contratando antecipadamente pela internet fará você perder dinheiro. Na cidade, conhecemos os dois tipos de pacotes principais.

1) O pacote para tentar diminuir o perrengue

O pacote menos utilizado (obtivemos informações que apenas três agências na cidade o oferecem) é o mais caro, pois ele engloba o aluguel de um veículo 4×4 exclusivo para apenas 4 pessoas. Nesse pacote é possível ir e vir em três dias e duas noites, percorrendo o mesmo percurso. Explico adiante por que o segundo pacote exige um dia a mais.

As agências exigem a contratação do veículo fechado que, independentemente do número de pessoas, sai por US$ 2.800, incluindo as refeições e as duas noites de estadia. Percebemos que em baixa temporada esse valor pode diminuir um pouco, até uns US$ 600 por pessoa (US$ 2.400 no total).

Além da exclusividade, eles prometem um padrão de alimentação e hospedagem superior à outra alternativa, mas percebemos que a diferença não seria tão grande, especialmente porque na área que viajamos, não existe hospedagens muito diferenciadas. Um queijinho a mais no café da manhã e um banheiro privativo no quarto é até possível, mas ainda estará longe de qualquer padrão cinco estrelas.

Em alguns blogs vimos que existe ainda uma outra opção, com maior exclusividade e luxos, mas com valores de até US$ 2.000 por pessoa. Mas na cidade não encontramos a agência que oferecia esse pacote e ficamos assim, sem informações.

2) O pacote com o perrengue completo

O tour mais utilizado é aquele que compreende 4 dias (na verdade 3 dias e meio) e 3 noites. Essa é a principal diferença do anterior. Esse possui um dia a mais porque, além do carro não ser exclusivo, o passeio é realizado em combinação com agências bolivianas (ou agências no Chile com filiais na Bolívia).

Independentemente se as agências são chilenas ou bolivianas, o fato é que o 4×4 que leva você de volta precisa chegar na fronteira na mesma hora que um novo grupo, partindo do Chile, está chegando, de forma a aproveitar o mesmo transporte. Como o passeio do Salar de Uyuni em si termina após o almoço do 3º dia, não é vantagem para as agências trazerem você de volta para o Chile tarde da noite sem ninguém para recomeçar o passeio com outro grupo (que começa na manhã seguinte).

Assim, as agências fazem com que você passe a noite em um local intermediário, para que levantemos às 05 horas da manhã com o intuito de deixar-nos na fronteira por volta das 9 horas, quando uma nova leva de viajantes estão a fazer o caminho inverso, iniciando o passeio.

Nesse pacote, são 6 pessoas por carro. Estão incluídas todas as refeições principais (café da manhã, almoço e jantar) e três hospedagens em hostals no meio do caminho. Os valores variam de 90.000 a 130.000 pesos chilenos (cerca de US$ 135 a US$ 195). Os preços mais baixos são oferecidos por agências no Chile que possuem parcerias na Bolívia. Os mais altos, por agências que possuem suas próprias filiais na Bolívia.

É possível barganhar pelo preço algumas facilidades como por exemplo, um quarto com banheiro privado, quando disponível. Mas a estrutura dos veículos e dos hostals é basicamente a mesma para todos. Conhecemos algumas brasileiras que pagaram cerca de US$ 260 e fizeram exatamente a mesma viagem que a gente, com a exceção de um quarto com banheiro privativo na última noite. Como se percebe, é necessário pesquisar muito e analisar o valor agregado a cada dólar gasto.

Na contratação desse pacote, é importante perguntar sobre o primeiro local de pernoite. Para os valores mais baratos, a primeira noite ocorre em um local denominado simplesmente de “abrigo” ou “refúgio”. É um local de alta altitude, com mais de 4.000m (o que pode ser ruim para quem não fez a adaptação), muito frio (no inverno, cuidado), sem eletricidade e sem possibilidade de água quente. Por outro lado, deve ser excelente para ver as estrelas 🙂

Hostel em Vilamar, em Salar de Uyuni, Bolívia
Hostel Vilamar, primeira parada no Salar de Uyuni

Nós fizemos o pacote onde a primeira noite é passada em um local chamado Vilamar, que fica em uma altitude de pouco mais de 3.000m, com uma temperatura mais amena e com eletricidade e possibilidade de banho quente, pagando-se à parte. Pagamos cerca de US$ 160 o passeio. Há possibilidades de barganhas, se tiver mais tempo e paciência. Principalmente se fechar outros passeios em conjunto com a mesma agência. Soubemos de um casal de portugueses que, nessa condição, fecharam o mesmo passeio por US$ 130.

A viagem de San Pedro de Atacama ao Salar de Uyuni

Segue aos leitores uma ideia de como são divididos os passeios nessa viagem. Após esse relato, passo a comentar os pontos de atenção que o viajante deve saber antes de enfrentar esse desafio.

O primeiro dia

O passeio começa com uma van, contratada pela agência de San Pedro de Atacama. Ela busca você em seu hostal ou Airbnb (dica extra: se for contratar um Airbnb verifique se haverá alguém disponível para recebê-lo no momento em que chegar no local…). Depois de recolher todas as pessoas, o motorista dirige-se ao local onde encontra-se o posto da polícia e a aduana chilena.

Antes de formalizar sua saída do Chile, o próprio motorista prepara, em uma mesa portátil ao lado da van, um café da manhã para o grupo. Muito bom por sinal. Pães, iogurte, geleias, creme de abacate, leite, achocolatado e bananas. Na sequência, após realizarmos os procedimentos de imigração, enfrentamos cerca de uma hora de estrada em acentuado aclive, até a fronteira com a Bolívia.

Na fronteira, formalizamos a entrada na Bolívia e é realizada a troca de veículos. De uma van com capacidade para mais de uma dezena de pessoas, passamos a um 4×4 com capacidade para 6 pessoas. A bagagem vai completamente em cima do veículo, embora ela é bem protegida com lona. Suja menos do que se imagina.

O vento estava atípico nesse dia, a ponto de o próprio motorista, o Ovídio, dizer que é raro ele ver algo similar. Segundo ele, os ventos chegavam a 70km/h, o que, aliado ao frio que fazia no altiplano boliviano, fez o nosso primeiro dia ser uma mistura de deslumbre com um inferno.

Deslumbramento devido pelas paisagens, que são muito bonitas. Visitamos a laguna branca e a laguna verde, antes do almoço. Almoçamos em uma área de apoio junto às águas termais. Tinha uns malucos tomando banho nas piscinas quentes, mas o frio e o vento não nos encorajaram a fazer o mesmo. Depois do almoço vimos os gêiseres e a laguna colorado. A pouca fauna que vimos foram sinais de guanacos e vicunhas (selvagens), lhamas e alpacas (domesticadas) e algumas aves, incluindo flamingos.

Aos poucos, o gelo derrete nos arredores da Lagoa Catal no Salar de Uyuni
Aos poucos, o gelo derrete nos arredores da Lagoa Catal

Mas o inferno também falava alto cada vez que saíamos do carro. O vento prejudicava qualquer tentativa mais profissional de fazer uma foto, seja pela sua velocidade ou carregando a poeira e areia do solo desértico. Era difícil até manter a câmera imóvel. Foi um dia complicado.

Ao final da tarde, chegamos à localidade de Vilamar, que comentei anteriormente. Ficamos em um quarto com seis camas, junto com nosso grupo, que incluiu um casal de portugueses e suíços. Tinha um banheiro dentro da casa (compartilhado com outros quartos), mas a porta não trancava. Era conveniente ir em duas pessoas, com a segunda “tomando conta” da porta.

O local do banho, entretanto, era do lado de fora e água quente era cobrada (10 bolivianos). Disso resulta que, após sair quente do banho, além de atravessar a ventania gelada, você poderia se empoeirar todo de novo.

Além disso, o local não tem estrutura alguma para pendurar as roupas e para proporcionar uma troca decente. Fomos novamente, de dois em dois para um apoiar o outro em tais coisa básicas. Não entendo o porquê de não colocar um mínimo de ganchos nas paredes para ajudar-nos nesse aspecto. É um exemplo de algo muito simples e barato, mas que ajudaria enormemente esse exercício…

O segundo dia

Topo do Vale do Rio Anaconda
Topo do vale do Rio Anaconda

O segundo dia amanheceu com um tempo melhor. Ainda muito frio, mas com pouco vento. Conseguimos aproveitar mais o dia nas visitas do Vale de las Rocas, um local de formação rochosa, a laguna Binto, Negra e Catal (essa última foi um dos locais mais bonitos, com um veio de água que brota nas adjacências à lagoa e que permite o crescimento de um tapete verde por uma longa extensão).

Almoçamos na casa de uma família local e, entre saladas e atum, experimentamos uma torta deliciosa. Aliás, todas as refeições no passeio foram muito boas, não há muito o que reclamar.

Durante a tarde, subimos uma montanha bem alta para observar o vale do Anaconda, um rio muito sinuoso. A altitude média do passeio variou de 3.500m a mais de 5.000m no primeiro dia e ficou na faixa dos 3.200m a 4.000m no segundo dia. Nesse pico, entretanto, ultrapassamos novamente os 5.000m em relação ao nível do mar.

Na segunda noite dormimos em um hotel de sal, que proporcionou um conforto maior do que na primeira noite. Cada casal ficou em um quarto separado e o banho (também pago com 10 bolivianos), ficava dentro da construção. No jantar bebemos um vinho boliviano como cortesia.

Hotel de sal em Salar de Uyuni
Quase tudo de sal no Hotel de Sal no Salar de Uyuni: até as paredes!

O terceiro dia

Acordamos de madrugada no terceiro dia para sair em direção ao objetivo principal da viagem, o deserto de sal, o Salar de Uyuni. Depois de algumas horas, chegamos ainda no escuro na ilha Incahuasi.

Ilha Incahuasi, no meio do Salar de Uyuni
Nasce o sol de um lado da ilha Incahuasi…

Uma ilha, mentalmente, é sempre imaginada como um acidente geográfico rodeado de água. Essa, portanto, é rodeada de sal, pois já estávamos em pleno deserto. Aqui foi talvez o lugar mais belo da viagem. A ilha é rodeada de cactos e é possível escalá-la para alcançar uma posição privilegiada para acompanhar o nascer do sol. As fotos falam por si.

Tomamos o café da manhã após a descida, preparado em mesas e bancos de sal, antes de seguir viagem pelo deserto.

A visão é impressionante. Formado milhares de anos atrás através da evaporação da água de lagos salgados, a brancura do Salar de Uyuni estende-se por quilômetros, perdendo-se a noção de distância. Uma breve procura no Google mostrará centenas de fotos fascinantes. Inclusive aquelas tradicionais e graciosas, promovendo diversas ilusões de ótica.

Ilha Incahuasi, no meio do Salar de Uyuni, lado do luar
e vai sumindo a lua do outro lado

Em seguida passamos em um hotel de sal, que não funciona mais como hospedagem, mas sim como ponto turístico, antes de chegar a uma comunidade para o almoço. Não lembro do nome da comunidade, mas fica o alerta que aqui você encontrará os souvenirs mais baratos. Aproveite para comprar coisas feitas com tecido de lhama e outras bugigangas. É o final do Salar de Uyuni propriamente dito.

Para fechar o terceiro dia, o motorista, após levar-nos ao cemitério de trens na cidade de Uyuni (bem sem graça), nos deixou na agência parceira no centro da cidade, onde um outro motorista nos pegaria para iniciar a volta. Nossos colegas partiram em direção ao norte e nós voltaríamos para o Chile com outras pessoas.

Após esperar cerca de 2 horas na agência, voltamos à estrada para mais um longo percurso de mais 4 horas, sem paradas. A exceção foi apenas uma pequena parada para que uma das espanholas que estavam no carro pudesse vomitar. O percurso não é fácil não… aproveitei para esticar as pernas…

Chegamos então, novamente, em Vilamar, mas em outra hospedagem. Apesar de o quarto ser menor (4 camas), o padrão (e os banheiros) eram idênticos à primeira noite. Nesse dia não tomamos banho. Faríamos isso quando chegássemos no dia seguinte, pela hora do almoço, ao hostal em São Pedro de Atacama.

O quarto dia

O quarto dia é o dia mais curto e o dia do alívio. Saímos de Vilamar de madrugada (5hs da manhã), paramos num local para tomar café da manhã por volta das 8hs e chegamos na fronteira por volta das 9hs da manhã. Uma van deve estar esperando você para levar de volta a São Pedro de Atacama. Chegamos antes do almoço na cidade e passamos novamente pela burocracia da imigração e aduana. E descansamos durante o resto do dia.

Pontos de atenção. Ou: o que não está normalmente escrito.

Após uma visão geral do passeio até o Salar de Uyuni, chegamos ao objetivo principal do texto: os pontos de atenção e em seguida as considerações finais. Confesso que inicialmente poderei gerar um desestímulo à viagem, mas posteriormente, o espírito aventureiro falará mais alto 🙂

1) Seu passeio nunca será o mesmo daquele relato que você leu na internet

Nenhum passeio é igual. Depende do motorista, da situação da região e das conveniências temporais. Em nosso passeio era normal vermos pessoas de outros veículos que ora estavam conosco em um local, ora não. Provavelmente, vimos coisas que eles não viram e vice versa. Existe um roteiro básico, mas o resto é por conta do motorista. Cuidado com as expectativas.

2) O motorista e o seu 4×4 são determinantes para deixar seu passeio melhor ou pior.

Vimos vários relatos de motoristas brutos, que não interagiam, não explicavam nada e não ofereciam ajuda para nada. Tivemos sorte. O Ovídio foi um bom guia, além de motorista. Fez questão de tirar muitas fotos de todos, principalmente no Salar de Uyuni. Falou demais sobre política no jantar do segundo dia (glorificando o Evo Morales em seu discurso padrão sindical), mas fez bem seu trabalho.

Com o motorista, vem o carro. Existem uns mais novos, uns mais velhos… enfim, não há o que se fazer nesse caso. É pura sorte. Ou azar…

3) Mais de 90% do tempo do passeio você fica sentado e enclausurado.

É isso mesmo. Esse foi o fator que mais me surpreendeu. Ainda mais para uma pessoa que gosta de usar as pernas para se locomover e não curte ficar muito tempo parado. As distâncias entre as atrações são longas, e a maior parte do tempo do dia, você fica dentro do carro. Fechado por causa do frio.

Passeio de van 4x4 no Salar de Uyuni
Chacoalha para lá, chacoalha para cá. Quase todo o tempo

Além disso, o terceiro banco, traseiro, oferece pouco conforto: pouco espaço para as pernas. É natural que haja um revezamento entre as pessoas, mas na sua vez, de ficar lá trás (que é um espaço original para bagagens), tenha paciência.

4) As estradas são muito ruins

Além de ficarmos a maior parte do tempo sentado e enclausurados, as estradas na maioria das vezes, são péssimas. Nas minorias, ruins. É por isso que precisamos de um 4×4. Buracos, pedras, e em alguns trechos, muitas curvas e muitos aclives e declives.

Para quem não é muito forte e sente náuseas, cuidado com o banco de trás, onde a sensação é potencializada. E dependendo do modelo do 4×4, as últimas janelas não abrem. Percebemos isso no veículo que nos trouxe de volta ao Chile. Além de paciência, vai precisar de um bom estômago.

5) Guarde alguns bolivianos para voltar para o Chile

Na contratação do pacote, as agências, sem exceção, disseram que iríamos gastar 150 bolivianos para a entrada em algumas atrações. E sugeriram que levássemos ao menos 250 bolivianos para gastar com extras, como água, banheiros (que em geral são pagos), banhos e souvenirs.

Gastamos de fato 150 bolivianos para entrar no Parque Nacional Eduardo Avaroa (que compreende todas as atrações nos dois primeiros dias. Mas também gastamos 30 bolivianos para subir na ilha de Incahuasi. Claro que você não é obrigado a subir, mas a vista é fantástica, vale a pena. Os banheiros em geral custam 3 bolivianos, e o banho quente, como comentei, 10 bolivianos.

Porém, no terceiro dia, quando almoçávamos na comunidade, perguntamos ao guia se não precisaríamos mais utilizar os bolivianos restantes. E ele, erroneamente disse que não. Gastamos tudo em souvernirs. Assim, não tivemos o alerta de que são necessários mais 15 bolivianos para voltarmos ao Chile, cobrados para quem sai da Bolívia.

Eu já havia estado na Bolívia antes e paguei esse pedágio absurdo, mas eu pensava que era uma taxa aeroportuária, que não seria cobrada em terra. Mesmo a agência em São Pedro de Atacama não comentou nada sobre isso. Uma brasileira que estava no 4×4 na volta nos ajudou e eu retornei em reais para ela.

Assim, não esqueça de, quando voltar, guardar 15 bolivianos no bolso para pagar o pedágio na saída da república vermelhinha da Bolívia.

6) Na dúvida, guarde todo o documento que receber até ter certeza que é lixo

O documento entregue pela PDI – Polícia de Investigação do Chile é necessário para sair do país. Da mesma forma, guarde os ingressos do parque nacional boliviano, pois serão cobrados no retorno. Se você jogar fora, terá que pagar de novo.

7) Se tiver histórico de náuseas e enjoos, medique-se

Faça isso antes da viagem, principalmente se sentar no fundo do 4×4. Melhor prevenir do que remediar. Ok, um Dramin pode dar um soninho, mas melhor do que estragar o passeio dos demais 🙂

Considerações finais da viagem ao Salar de Uyuni

Parece que, após eu ter citado todos esses pontos de atenção eu achei a viagem negativa. Nada disso. A viagem permite que você experiencie algumas das mais fantásticas paisagens de nosso planeta. Estar presente em lugares fora de seu habitat natural é gratificante. Conhecer as diversas nuances de nosso planeta, idem. Situação semelhante tive quando fiz a travessia de barco pelo Rio Amazonas, de Manaus a Belém, passando por Alter do Chão.

São contextos diversos e é um crescimento pessoal observar hábitos e costumes diferentes de nossa espécie. Como vivem, como comem, como produzem, os animais que criam… Em cada parada encontrávamos uma situação peculiar que não tinha similaridade com nada que temos aqui. Isso é enriquecedor. Isso é o que vale mais a pena em uma viagem.

Testar seus limites, seus medos, seu autocontrole, sua resistência ou seu desapego sempre faz você crescer como pessoa. E esses 3-4 dias no Salar de Uyuni foram determinantes quanto a isso. Com certeza, voltamos da viagem mais fortes. A sensação que fica quando termina é fantástica! Infinitamente melhor se tivéssemos decidido não entrar nessa aventura.

Assim, recomendo fortemente a viagem, mas observem os alertas citados acima. O caminho não é fácil. Muitos reclamam mais das hospedagens, mas acredito que o maior problema é ficar, de fato, muito tempo sentado dentro de um carro. Em alguns momentos, com grande desconforto. Esse foi o maior desafio.

E você leitor, pretende fazer essa viagem? Ler esse relato mais animou ou desanimou rsrs?

Ou será que você já foi para lá? Concorda ou discorda do meu relato?

Para todos os leitores, comentários abaixo serão muito bem vindos.

Vista panorâmica do Salar de Uyuni

Explore mais o blog pelo menu no topo superior! E para me conhecer mais, você ainda pode…
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Tâmis
Tâmis
1 ano atrás

Boa noite, quero fazer somente 1 dia no salar do uyuni e voltar para o atacama.
Pensei em ir até o centro de uyuni com o meu carro, contratar o passeio para o salar la na Bolívia e voltar. É possível ?

Renato
Renato
3 anos atrás

Ótimo relato, já desisti da ideia. America do sul é só perrengue, vale a pena passar trabalho por aqui nao, brasilzinho piorado

Jr
Jr
Reply to  Renato
3 anos atrás

Pelo visto vc nunca viajou pela América do Sul pra falar essa asneira.

Renato
Renato
Reply to  Jr
3 anos atrás

Engana-se, passei 4 dias em SP do Atacama, depois atravessamos pra Argentina. Só passamos perrengue. Faltou documento, tivemos que voltar 2x 150km pra SPA pra pegar docs um absurdo…policia argentina corrupta cobrou pra deixar nós passar…natureza é bonita sim mas o povo não dá, é tipo Rio de Janeiro, povo é um *ú
não sei o que ve nestes paizinhos de ****da

Jr
Jr
Reply to  Renato
3 anos atrás

Tá certo. Chega nos EUA ou Europa sem documento pra vê se vc entra. Não quer passar perrengue então fica num resort 5 estrelas.

Anônimo
Anônimo
Reply to  Jr
1 mês atrás

Esse não entende nada de viagem, cultura e geografia.

Thelmo Lins
Thelmo Lins
5 anos atrás

Olá André. Agradecido pelas informações sobre o trajeto entre Atacama e Uyuni. Mas, gostaria de uma informação. Se eu estiver viajando em carro próprio e ele não ser um 4×4, é possível fazer o trajeto? Ou as estradas não permitem. Pergunto isso, porque estou planejando realizar um tour pela Bolívia, Peru e Chile de carro, saindo do Brasil. Agradeço se puderem me retornar.
Abraços, Thelmo

Anônimo
Anônimo
4 anos atrás

Sensacional. Fiz o Salar em agosto de 2017 como parte do Mochilão pela Bolívia, Chile e Peru. Sem dúvidas, o Salar foi o ponto alto. Abraço

Jonas Pinto Dutra
Jonas Pinto Dutra
4 anos atrás

Excelente relato, é uma viagem maravilhosa!! Apenas discordo quando dizes que é necessário contratar pacote de turismo para fazê-lo. Fiz de carro próprio, saindo de Gramado RS e chegando até o Uyuni. Andei no salar e em todo o deserto de carro. Indo de 4×4, de preferência em dois carros para evitar maiores problemas é possível sim, e indico para os mais aventureiros.
Não vejo a hora de fazer novamente.
Abraços,
Jonas

O Engenheiro Investidor
4 anos atrás

Nossa, o passeio além de parecer um pouco caro, não me deu vontade alguma de conhecer. Desconhecia o local, mas viajar pra ficar passando sufoco indesejado não me parece muito agradável. Há quem goste.

De qualquer forma, o relato aparenta ser bem completo. Tomara que ele alcance os futuros turistas interessados na região

Renato
Renato
4 anos atrás

Sinceramente, este é um passeio que sou louco para ir, mas ao ler sobre as experiências de algumas pessoas, eu deixei de lado. Você fica à mercê de motoristas e veículos, e como você mesmo mencionou, a qualidade da viagem será diretamente ligada a eles. Já li relatos de motoristas bolivianos bêbados e de outros que não sabiam dirigir na região, fora outras loucuras como capotamento de carros e sequestro por povos locais. Entendo suas colocações, mas respeitosamente quero discordar sobre o crescimento pessoal após uma viagem dessas. Eu acho que há outras viagens que nos permitem crescer, como por… Leia mais »

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