Independência ou liberdade financeira? Será que você está chegando lá?


O conceito de independência financeira pode ser explicado sob diversas óticas, inclusive como uma etapa na jornada à liberdade financeira.
Alcançá-la, exige planejamento e uma ferramenta que nos diga quanto dinheiro precisamos acumular, dada nossa previsão de despesas.
Baixe aqui um simulador para calcular facilmente esses variáveis!


O assunto principal desse blog sempre foi a liberdade, analisada sob suas diversas peculiaridades. Iniciei as postagens quando parti para uma viagem à Ásia, inaugurando a perspectiva da liberdade física! Liberdade de ir e vir, fronteiras abertas! Liberdade para conhecer outros povos e outras culturas!

Posteriormente, nos meses anteriores da eleição de 2014 o assunto modificou-se ligeiramente para a política: liberdade para empreender, de contrapor-se ao Estado e sua inerente corrupção. Ou ainda, a possibilidade de ser livre para decidir, sem intermediários, o nosso destino. Um tantinho de filosofia – e utopia, permeia o desejo dessa sociedade que, espero, um dia torne-se a norma nesse planeta.

Qual a diferença entre liberdade e independência financeira?

Ultimamente tenho priorizado a experiência que tive na liberdade financeira. Um conceito que é visto muitas vezes é associado ao ócio, mas encerra algo fundamental: a liberdade de escolher o seu próprio destino. Ou seja, de usar o tempo como lhe convier. Nem que seja ficar com os pés para cima, como sugerem as fotos desse texto. E é sobre ela que falaremos nesse texto.

Independência ou liberdade financeira? Quais as diferenças e como calculá-las?

Tenho uma postura dúbia quando à conceituação de certos termos, apesar de acreditar que muitos deles não deixam margem para entender plenamente seus significados. Dessa forma, reforço que sou um crítico ferrenho do relativismo moral e cultural que permeia hoje a maioria do pensamento ocidental (mais intensificado, claro, na América Latina).

Porém, sou flexível em determinadas definições, por sentir que elas não encerram o conceito de um termo em particular. As definições podem variar de autor para autor e carregar significados que se confundem em vários contextos onde os termos são usados.

Um deles é a definição de ideias como liberdade e independência financeira. Existem diferenças entre elas? Li recentemente um artigo interessante em um blog do Investidor de Risco (IR), onde ele arrisca estabelecer sete termos relacionados ao tema. Veja aqui o artigo, vale a pena. Seu blog é excelente em estratégias de investimentos com Tesouro Direto e Fundos Imobiliários, com um fórum bem dinâmico. Excelente leitura para quem investe nesses ativos.

Prefiro, entretanto, pensar de uma forma mais simplificada. Para a gente não se perder em muitos conceitos, eu reduziria as definições do autor do blog em três etapas, mantendo, entretanto, a diferenciação que ele expôs entre independência e liberdade financeira.

Vamos então às considerações e, posteriormente, ao simulador que calcula em que etapa você está nesse jornada!

As etapas da independência financeira

1) Estabilidade financeira

Essa etapa é alcançada no momento em que sua renda é maior que suas despesas. Cabe lembrar que existem somente dois caminhos para a independência e liberdade financeira. O caminho onde você faz mais dinheiro do que você gasta ou o caminho onde você gasta menos dinheiro do que recebe.

Em outras palavras: despesas constantemente menores do que receitas é uma condição essencial para trilhar com sucesso essa jornada.

No artigo do IR, existem 5 etapas antes da estabilidade financeira. Eu excluí a primeira etapa (dependência financeira) da ideia geral, pois é a antítese do que buscamos. Seria incluir, por exemplo, o sedentarismo em um caminho a ser construído para uma condição física saudável.

Acredito que eu e o autor devemos possuir pensamentos semelhantes, uma vez que ele a denominou de etapa “0”, ou seja, deslocada da diretriz principal. Ou seja, nosso país de fato possui uma grande massa em um estágio de dependência financeira. Mas essa condição não faz parte do caminho que procuramos trilhar.

Eliminei também a etapa em que ele comenta da eliminação das dívidas. Acredito que é perfeitamente possível possuir uma dívida com juros baixos e ser financeiramente independente. O Brasil era um país atípico para pensarmos nesse conceito. Mas com os juros baixos, pode ser factível tomarmos uma dívida de forma consciente para atingir certos objetivos caso não tenhamos o montante para o pagamento à vista.

Por esses motivos, englobei a fase que ele chamou de desalavancagem financeira em conjunto com a autonomia financeira, fundindo tudo em apenas um conceito, o da estabilidade financeira.

Estabilidade financeira seria, assim, o ponto onde você é capaz de suprir todas suas necessidades, possui um seguro financeiro para tempos difíceis e consegue manter um constante aporte para investimentos.

Lembre que aqui, a renda provém de seu trabalho, seja como empregado ou como empresário. Ou seja, você troca horas de seu tempo para obter seus rendimentos. Será esse conceito (a troca do tempo por dinheiro), a principal diferença para você adentrar na próxima fase.

2) A independência financeira

Na situação de independência financeira, possuímos as mesmas condições de fluxo de caixa da fase anterior. Nossas receitas são maiores que nossas despesas, porém, há um diferencial importantíssimo: nossa renda provém de nossos investimentos. Em tese, não precisamos trocar horas de trabalho para obtermos nossa receita.

Mesclei nessa etapa o conceito de segurança financeira proposto pelo Investidor de Risco, pois ambos são muito semelhantes no meu entendimento. Perceba que o conceito de independência financeira passa longe do conceito de riqueza. Ao menos da riqueza material.

Um empresário de sucesso, que trabalha horas e horas a fio pode viver uma vida de luxo, mas ele não é, necessariamente, financeiramente independente. Se ele precisa continuar trabalhando para sustentar seu estilo de vida, ele continua sendo um escravo de seu tempo.

Se for um empresário que trabalha por prazer, e que já possui uma renda passiva suficiente para manter seu padrão de vida, aí sim ele pode ser considerado uma pessoa com tal independência. Simplesmente porque ele pode escolher trabalhar ou não trabalhar. A possibilidade de tal escolha é o conceito definitivo da independência financeira.

Até então, eu considerava o termo “independência financeira” como sinônimo de “liberdade financeira”. Como citei anteriormente, não sou muito criterioso na definição de termos semelhantes, pois acredito que esse tipo de conceito pode variar muito de autor para autor. Mas o artigo do IR fez-me ver que “liberdade” pode significar algo maior do que “independência”.

3) A liberdade financeira

Mesclei nessa expressão o conceito de “abundância financeira” do autor. E concordei com ele que “liberdade” vai além da “independência financeira”. Ou seja, veremos aqui a diferença entre a independência financeira e a liberdade financeira.

Na independência financeira, você possui renda passiva para manter o seu estilo de vida. Mas, e se você quiser alterá-lo? E se você desejar viajar pelo mundo inteiro em um trailer? Ou se desejar ajudar várias entidades filantrópicas ao mesmo tempo? Ou ainda, comprar uma casa maior e adotar 10 crianças carentes? Você, financeiramente independente, teria essa possibilidade? Ou seja, você é financeiramente livre para ampliar o seu estilo de vida da forma que deseja e procurar uma alternativa de felicidade?

Mas o leitor pode estar perguntando: “mas se pensarmos assim, nunca seremos financeiramente livres, pois nunca teremos um montante suficiente para bancar tudo que poderíamos fazer”. Correto, mas o ponto é o que podemos desejar fazer. Se você não pensa em adotar 10 crianças carentes, ok, isso não será relevante para sua passagem de uma etapa a outra.

O desejo aqui tem um papel fundamental para decidir em qual etapa você encontra-se. No artigo “Quando a vergonha ofusca o real prazer e lesa sua independência financeira“, expliquei melhor o conceito de ser escravo dos desejos. Assim, se você acredita que pode realizar tudo que deseja, além do seu presente estilo de vida, indubitavelmente você pode considerar-se uma pessoa com liberdade financeira.

É possível fazer uma relação entre as duas etapas com os conceitos de liberdade negativa e liberdade positiva, definidos por Isaiah Berlin. A independência financeira relacionaria-se com a liberdade negativa, onde não seríamos impedidos de usar nosso tempo conforme nosso desejo. Já a liberdade financeira seria associada com a liberdade positiva, onde o acesso às realizações é o objetivo maior para sua plena execução. 

Perceba que em todas nessas ideias, os conceitos de frugalidade e perdularismo são essenciais, provavelmente mais importantes do que o saldo de sua carteira de investimentos. É muito mais fácil ser livre ou independente se soubermos levar a vida com alguma simplicidade.

Ser dissonante com o fluxo financeiro entre as entradas e saídas de capital sempre foi uma das causas principais de grandes estragos de vida. Ajustar seu orçamento frente aos seus desejos é fundamental.

O simulador que mostra o seu estágio na jornada à liberdade financeira

Após essa passagem por algumas definições, chegamos ao ponto de usar o simulador (ou calculadora) para verificar em que pé está sua independência financeira (vou continuar usando esse termo aqui no blog, pois é a etapa decisiva para uma vida de paz e tranquilidade; afinal, acredito que decidir soberanamente onde utilizar o seu tempo é a conquista principal).

Onde me encontro na independência financeira? Veja como calcular!

O simulador apontará seu local atual nessa jornada: se ainda precisa remar demais ou se já está alcançando seu objetivo. Nele, você brincará com apenas 4 variáveis e irá conhecer o montante que terá em um tempo determinado, além do tempo de sua duração pelo resto da vida. É um exercício bem interessante.

Diverti-me com ele durante vários anos até que os números convergissem para meus objetivos. A satisfação que vem no momento em que eles são atingidos é fantástica, e espero que todos os leitores consigam alcançá-los brevemente.

Ele pode ser acessado tanto pelo Google Planilhas como pelo Excel. Clique no botão abaixo para acessá-lo. Será necessário um cadastro de e-mail e tornar-se assinante do blog.

Os assinantes possuem acesso a todas as planilhas disponibilizadas no blog, assim como um drive virtual com as cartas de gestores de fundos de investimentos atualizadas mensalmente. Considere fazer parte da lista! Se você já for um assinante, cheque na newsletter semanal ou no e-mail de boas-vindas o link da página de acesso exclusivo para esses atalhos.

Ao contrário das planilhas mais complexas, no simulador, mais simples, as informações de preenchimento já estão na própria tela. Se alguém tiver alguma dificuldade, pode postar as dúvidas após o texto e elas serão prontamente respondidas.

Seguem alguns comentários sobre as variáveis que você deverá incluir na calculadora:

  1. O mini orçamento das colunas A e B é apenas um memorial de cálculo para definir sua média de despesas e seu potencial de investimento mensalmente. Não é necessário muito critério para preencher as células de despesas individualmente. Se você já souber o quanto investe mensalmente e com o quanto de dinheiro vive de forma tranquila, foque apenas nesses dois resultados.

  2. Já na tabela principal, atenção ao saldo atual de investimentos. Coloque todos seus investimentos líquidos, ou seja, desconte o imposto que você precisará pagar no momento do saque. Isso vale, por exemplo, para títulos de renda fixa e previdência privada. Para ações e outros títulos de renda variável avalie sua estratégia de investimentos. Preencha também na célula ao lado, a data atual.

  3. Período: essa variável define o tempo futuro em que você deseja avaliar sua situação. Se você deseja saber como você estará, financeiramente, daqui a 10 anos, coloque o número 10 nessa célula.

  4. Estimativa de juros: coloque aqui sua expectativa de juros médios reais (sem considerar a inflação) para esse período que você definiu anteriormente. Seja coerente. Por mais arriscado que seja seu perfil financeiro, não ultrapasse o valor de 8%. Não queira ser melhor que os melhores investidores do mercado. O valor de 8% já é um número acima da média. Se você aplica apenas em bons títulos de renda fixa, coloque algo na faixa de 2,5%. Se o período a ser avaliado for longo, convém diminuir ainda mais esse valor, pois do futuro, ninguém sabe.

E voilà! A simulação fornecerá o valor que você terá ao final do prazo definido mantendo seus aportes mensalmente. Fornecerá ainda por quantos anos esse montante durará se suas despesas mensais forem constantes.

De quebra, também calcula com quantos anos você estará quando o seu dinheiro acabar. Faça com que esse número esteja além de sua expectativa de vida, mas não muito. Mortos não gastam dinheiro, mas seus herdeiros sim!

Se você já se encontra gozando de independência financeira, mantenha o valor de aportes zerados e veja por quanto tempo seu patrimônio vai durar com a taxa de juros que definir. Sua segurança será maior quanto menor a taxa de juros delimitada. Altere-a, assim como suas despesas mensais e veja o seu futuro redesenhado.

É muito interessante brincar com essas variáveis. São simulações que auxiliam muito nosso planejamento, uma vez que possibilita que modifiquemos livremente nossas despesas mensais (independência ou liberdade financeira?) e a nossa capacidade de investimentos. Faz com que notemos as magnitudes dessas variáveis no tempo. E isso é essencial para alinharmos os nossos desejos futuros, ao mesmo tempo que nos mantém com os pés no chão.

Explore mais o blog pelo menu no topo superior! E para me conhecer mais, você ainda pode…
assistir uma entrevista de vídeo no YouTube
ler sobre um resumo de minha história
ouvir uma entrevista de podcast no YouTube
participar de um papo de boteco
curtir uma live descontraída no Instagram
… ou adquirir um livro que reúne tudo que aprendi nos 20 anos da jornada à independência financeira.

E, se gostou do texto e do blog, por que não ajudar a divulgá-lo em suas redes sociais através dos botões de compartilhamento?

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